Caminho de Laugavegur (Islândia) - 2º dia

Por Andreia Leite a segunda-feira, julho 15, 2013

Este dia começou de uma forma que eu não vou esquecer: a comer aveia!!
Pura aveia misturada com água quente sabe mesmo mal! Quando estavamos ainda em Reiquiavique e fomos comprar a comida para trazer para a caminhada, a Verena prometeu-se que aveia é o melhor que poderíamos comer pois é saborosa, levezinha  na mala, dura mais tempo e tem nutrientes importantes para nos dar energia para um longo dia nas montanhas. Então eu fiquei convencida que sim, trouxémos aveia e agora os pequenos-almoços das próximas manhãs são uma refeição que dispensava bem. E apenas porque ecoa na minha cabeça a parte do "tem nutrientes importantes para nos dar energia", eu consegui forçar-me a comer sem vomitar.  

Enfim, é hora de arrumar tudo nas malas outra vez. Os meus ombros doiem-me tanto! aaahhh! 
Está tão mau tempo lá fora: frio e vento, parece que vai começar a chover, e nós fazemos tempo, só temos mesmo que fazer o check-out às 10h.
Visto 2 pares de meias, collants, leggings e as calças à prova de água por cima disto tudo! Luvas, gorro, e um casaco à prova de água também mais outro tipo polar por baixo para me manter quentinha e estamos prontas!

Quando estamos prestes a sair, o simpático guia-turístico Islandês que conhecemos ontem, ofece-se para nos levar a tenda e os sacos-cama na carrinha dele para a próxima cabana, o grupo dele segue a mesma direcção que nós!! Mesmo a calhar! Muito muito agradecidas! :D

De volta ao caminho, pelo menos uns 3 kg mais leve... seguimos os paus de madeira que nos dão a direcção a seguir. Ontem caminhámos 12km, hoje vamos caminhar 11km.

A primeira parte do percurso está coberta de neve... a visibilidade está reduzida, começa a cair uma chuva horizontal e estamos mesmo geladas!

A determinada altura apercebemo-nos que há partes em que os blocos de neve estão a derreter por baixo, criando espécies de pontes que podem ruir a qualquer altura, algumas das quais fazem parte o percurso que temos que seguir e acabamos por passar por cima sem nos apercebermos do que está por baixo. Deve ser perigoso, mas ninguém nos avisou de nada.

E também se formam tipo cavernas por baixo da neve.... 



Depois de andarmos bastante, as minhas luvas estão ensopadas, as minhas mãos estão gelads e nós estamos com fome: está na hora de sentar e almoçar a sandwich que preparámos esta manhã.


As nuvens rapidamente desaparecem e deixam o céu azul claro brilhar,o nevoeiro desapareceu completamente, e agora sim, conseguimos apreciar a vista do sítio onde parámos.... 


A vista sobre o vale é mesmo espectacular!



Começamos a descer a montanha muito devagarinho, o terreno é muito inclinado e escorregadio! Ahh mais uma escorregadela!! Foi por pouco! hahaha 


À medida que nos aproximamos do rio procuramos uma parte para atravessá-lo.... mas não parece existir uma parte mais estreita nem nenhuma ponte que nos permita uma travessia segura e que nos deixe secos, por isso vamos ter que tirar os nossos sapatos e molhar o pézinho! A Verena trouxe uns sapatos de plástico, leves e fáceis de usar na água, e eu não trouxe nada... haha esqueci-me completamente! 

Os rios da Islândia nascem nos glaciares, que derretem e correm livremente pelas montanhas abaixo. A corrente depende muito da metereologia: por exemplo, depois de um dia de muito calor, o rio pode estar mais forte, e por isso os Islandeses dizem que um rio nunca é o mesmo todos os dias. 

Foram-nos dadas algumas dicas sobre como atravessar um rio, para que possamos escolher o local da travessia com cuidado:
- por vezes o sitio mais estreito é o mais fundo e com uma corrente mais forte;
- se houverem mais pessoas a atravessarem, observa primeiro - os outros podem ter escolhido o sitio mais fundo e tu não lhes queres seguir os mesmos passos, ou vice-versa; 
- é melhor avançar com pequenos passos pois as rochas na água podem ser escorregadias ou instáveis e mover-se com o teu peso; 
- desaperta a mochila que trazes às costas do teu corpo, porque se caíres de costas, mais facilmente consegues desfazer-te da mala e pores-te de pé! E bom, de preferência tenta atravessar com alguém! 

A Verena faz a travessia dela facilmente com os tais sapatos, mas o rio é demasiado largo para que ela possa mandar os sapatos de volta para eu usar, por isso vou ter que ir descalça! 

Então aqui vou eu.....a água está g-e-l-a-d-a! Depois de pensar e analisar um pouco, escolho um sitio para atravessar, mas a determinada altura quando já estou no meio do rio, não consigo progredir! Todas as rochas que toco com o meu pé parecem mexer-se quando lhes toco, a corrente aqui também parece mais forte e eu estou com frio, "OK, Andreia pensa rápido!" Não é seguro avançar, tenho que voltar para trás e recomeçar. Começo a deixar de sentir os pés, mas ao mesmo tempo doiem que parecem vidrinhos. Da segunda vez, eu tento não me precipitar e fazer a travessia com mais calma, eventualmente eu consigo usar as minhas mãos para me apoiar, pois é doloroso caminhar nesta parte de pedrinhas tão pequeninas. E agora sim!, de pés assentes em terra firme! Aaahhhhh, consegui! Ahhhhh não sinto os pés! Hahahah



De volta ao caminho, agora em terreno plano por um bom bocado até que finalmente avistamos a cabana de Álftavatn junto ao lago .


É uma sensação tão boa caminhar os últimos 500 metros em direcção à cabana depois de 6 horas a caminhar. Só a visão da casa é como um prémio por mais um dia conseguido! 
A cabana de Álftavatn é maior do que a da noite passada, mas ainda assim quentinha e confortável! Esta também tem uns chuveiros numa pequena cabana de madeira à parte, onde tem que se usar moedas para cair água quente, que dura apenas 1 minuto. Fazemos o check-in, assinamos a lista de segurança e largamos as malas no quarto. 

Como ainda não estamos com fome, vamos explorar os arredores... e subir a outra montanha! Quando atingimos o cone no top da montanha, temos uma vista de 360º espectacular! De um lado a nossa cabana, o lago e depois toda uma paisagem vulcânica, uáuu!  


1 hora mais tarde estamos de volta à cabana. 

Eu tomo o banho mais rápido que alguma vez tomei!! 1 minuto, pois não tinhamos mais moedas! Mas agora sinto-me muito mais relaxada. :D 

E está na hora de cozinhar o jantar: massa e pesto com ovos previamente cozidos que trouxemos embrulados em prata :)  O grupo espanhol oferece-nos sopa de borrego, deliciosa!!!! E este jantar acaba por ser uma refeição social, onde se partilha comida, experiências e sabores!

Depois de recuperarmos os nossos sacos-cama da carrinha do Guia Islandês, vamos dormir, felizes por estarmos no meio da nossa pequena aventura! Boa noite... Zzzz

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